"HEE. Hermitage, escola de educadores" culmina nas origens maristas
É em fases como a que estamos a viver que esta frase assume a sua maior expressão. E as crianças relembram-nos isso todos os dias! Quando são acolhidas na Casa da Criança deixam de pertencer e ser o que conheciam como real até então, deixam a escola, os amigos, as suas coisas, a sua família… E elevam o conceito de desapego! Aceitam e começam de novo!
Agora, face a esta pandemia, é-lhes pedido que deixem a escola, os amigos, a família e vivam em isolamento social, por um tempo indeterminado… É-lhes pedido que sejam pacientes e façam uma boa gestão emocional de toda esta situação! E eles aceitam e começam de novo! A forma como estas crianças viveram esta notícia elevou a nossa responsabilidade e compromisso, ressaltando o nosso espírito de família e o sentido de presença junto daqueles que são, mais que o nosso trabalho, o nosso propósito de vida. Contamos com uma equipa de colaboradores fantástica que rapidamente se mobilizou no sentido de garantir que passagem por esta nova realidade fosse serena e segura e que a memória deste período da sua vida fosse a melhor possível, em detrimento da sua vida pessoal. É assim que vivemos todos os dias nesta Casa feita do amor que caracteriza uma FAMÍLIA.
Desde o dia 16 de março que estamos fechados em casa. As nossas rotinas foram reorganizadas atendendo à necessidade de mantermos o cumprimento das tarefas escolares, a prática de atividade física, as brincadeiras e o laço afetivo com a nossa família, garantindo a maior normalidade possível e salvaguardando a estabilidade emocional de todos, crianças e adultos que delas cuidam. Estamos isolados do mundo mas não daquilo que nos caracteriza. Continuamos a brincar, a jogar, a partilhar sorrisos e gargalhadas, a fazer birras e a rebolar na relva, a ver a forma das nuvens e terminamos o nosso dia a ver o melhor pôr do sol do mundo. E todos os dias começamos de novo!
A maior dificuldade para os meninos, nesta fase, é não estar com a sua família mas conseguimos garantir que todas as famílias tivessem a possibilidade de falar com os filhos, por vídeo chamada, disponibilizando os recursos necessários. Hoje e sempre, as crianças acolhidas na Casa da Criança de Tires podem contar com esta família de “faz-de-conta” que, tal como nos contos, irá fazer com que o final desta história seja o tradicional e “viveram felizes para sempre”. Estamos sempre com um sorriso nos lábios, com um olhar presente, com um abraço apertado, um obrigada e um “eu gosto muito de ti”! A verdade é uma: o que permanece todos os dias é o amor que temos uns pelos outros! É termos um porto de abrigo onde podemos descansar a alma enquanto esperamos que o “corona saia”, dizem eles!
Quando nos pedem isolamento social estamos mais juntos do que nunca! E isso é um dos paradoxos mais felizes de todos os tempos! E isso é tão essencial e pode ser tão visível!
Carla Nunes Semedo
Diretora Técnica
"HEE. Hermitage, escola de educadores" culmina nas origens maristas