A Ludoteca da Adroana é a casa onde se juntam todos os que, não pertencendo à mesma árvore genealógica, pertencem à mesma família – a família do brincar, da liberdade, do convívio. Diáriamente abriamos a porta da nossa casa mágica para, através da educação não formal, mobilizar crianças e jovens. A magia acontecia quando todas as preocupações do dia ficavam à porta, lançadas ao chão, juntamente com o peso da mochila que carregavam após mais um dia de escola. O sorriso abria-se no rosto, juntamente com o cumprimento “Olá Fábio! Olá Lili!” como quem nos informava “Vá! Vamos jogar, estou livre!”, e durante umas horas esta magia permanecia, todos juntos, a jogar/brincar/conversar/criar, o que apetecesse porque eramos livres.
Na rotina do dia a dia, estavamos tão focados, ocupados e habituados que, quando recebemos a notícia de que teríamos de fechar a porta da nossa casa mágica devido ao surto COVID-19, foi um choque de realidade. A realidade que até então era cheia de conversas, abraços, segurança, transformara-se numa realidade incerta, de distância, isolamento e insegurança, mas não por muito tempo!
A equipa da Ludoteca da Adroana, desde o dia 16 de março em regime de teletrabalho, encontrou neste tempo um momento de reflexão e de renovação. Mantemos contacto com as crianças, jovens e famílias, através das nossas redes sociais (facebook e instagram), onde semanalmente lançamos desafios, curiosidades e/ou informações para manter os nossos utilizadores ativos e sobretudo, mostrar-lhes que estamos sempre presentes e disponíveis. Semanalmente, reunimos com a Divisão da Educação de Cascais, com as equipas que integram os restantes equipamentos da Rede de Espaços Lúdicos de Cascais e com o Instituto de Apoio à Criança, para que todos juntos, construamos o caminho – caminho esse que se foca na participação de crianças e jovens, para que tenham voz ativa no seu desenvolvimento pessoal e social.
Estamos a traçar um novo rumo, que nos tem colocado em perspetiva constante. Se por um lado, ao longo dos últimos anos, temos desenvolvido um trabalho muito sério e legítimo assente em toda a temática do brincar, por outro, será que colocavamos a voz da criança em todo o processo? Não basta brincar, é necessário saber se a criança esteve envolvida em todo o processo de concepção da brincadeira, se quer de facto brincar e se o faz livremente. “Ai que prazer não cumprir um dever, ter um livro para ler e não o fazer!” in Liberdade, Fernando Pessoa
"La convivencia es un arte paciente, hermoso y fascinante". Papa Francisco "A convivência é uma arte paciente, bela e fascinante." Papa Francisco