Quando as plantas começam a germinar, há um momento em que é necessário colocar nelas uns suportes para que não acabem com as hastes quebradas por serem demasiado jovens ou estarem a crescer demasiado depressa. Esses suportes – também conhecidos como ‘tutores’ ou diretores de turma – são essenciais para o desenvolvimento de uma promessa. Cuidamos de mais de mil crianças que, agora, olham para nós à procura do suporte que as proteja da incerteza. E essa incerteza cresce exponencialmente no 11º e 12º ano (“Bachillerato”).
Os alunos e alunas que enfrentam o último ano antes da faculdade têm um sentimento fantasmagórico de algo que foi abruptamente interrompido e estão a adaptar-se à estranheza de preparar de uma forma muito pouco normal os exames que determinarão o seu futuro. Os do penúltimo ano, conscientes da sua delicada situação, tentam aproveitar o tempo para que o próximo ano letivo não os prejudique academicamente.
E nesta tempestade, os suportes: nós, que temos poucas certezas e mais incertezas, mas não nos falta a confiança e a audácia para responder ao desafio. Organizamos e reorganizamo-nos para que os nossos jovens se sintam acompanhados o tempo todo. Cada equipa de ensino, na área que lhe correspondente, mantém a coordenação e a colaboração mútua.
As nossas armas? Contacto diário, feedback contínuo, informações às famílias, constância, criatividade e carinho. É um arsenal. Agrupados à volta da Classroom, seguimos a programação usual. Comunicamos com os alunos por videoconferência várias vezes por semana. Como Diretores de turma (tutores), organizamos o trabalho da semana que também é enviado às famílias que apreciam essa informação. Como todos os professores, estamos a aprender mais do que nunca e a procurar ferramentas que nos aproximem das crianças, mas a chave … a chave é que eles saibam que estamos lá, atrás desse ecrã, o tempo todo e que continuamos a fazer parte de sua vida.
A nossa audácia é baseada nas nossas crenças e o nosso olhar está focado em cada uma dessas pequenas plantinhas que desejam continuar a crescer. Sem dúvida que, hoje mais do que nunca, um dos princípios maristas que nos sustentam se torna valioso: presença; virtual, mas presença.
«… No meu viveiro, estava um letreiro: “Frágil. Contém sonhos”».
Ana Martín Tolivia.
Diretora de Turma do 11º ano em “Maristas Ourense”
13 de março de 2020 … declaração da “Junta de Castilla y León” : a atividade de ensino presencial é suspensa, um novo cenário para todos. A princípio, pensámos que era só por um curto período de tempo (mas como estávamos errados…..).
A maioria dos professores do “Bachillerato” já tinham uma classe virtual no Google Classroom. Nesta plataforma, publicamos tarefas, explicações, vídeos, etc…: a formação que temos pemitiu-nos poder continuar a ensinar e muito bem, na minha opinião, e com grande envolvimento dos alunos. Também houve sessões de direção de turma que foram realizadas por videoconferência para perceber como estávamos, como nos sentíamos, e para nos ouvirmos e sentirmos mutuamente.
Também surgiu na nossa escola um movimento com outras possibilidades de continuar a aprender e poder chegar aos nossos alunos com outras ferramentas. É uma boa oportunidade. Atualmente, temos formação on-line para Jamboard, Google Meet, Edpuzzle, Kahoot, vídeos com Powerpoint, questionários, etc …
Estou convencido de que podemos continuar a ensinar eletronicamente, mas sem dúvida que há coisas que se aprendem na escola que não podem ser ensinadas com um computador: respeito por certas regras, respeito por outras pessoas (mesmo que pensem de maneira diferente de mim), valores… para CONVIVER…. É por isso que é necessário que em breve possamos estar juntos novamente nas aulas, nas visitas de estudo, nos grupos de jovens, nos desportos, etc … Sentimos falta dos nossos alunos e esperamos que em breve voltemos a estar JUNTOS .
Luis Pinela Domínguez
Professor de economia e diretor de turma do “Bachillerato” no “Colegio Castilla de Palencia”
Sem dúvida nenhuma que a situação de confinamento fez com que os professores tivessem que se reinventar e, em pouco tempo, fomos forçados a repensar a nossa matéria, usar novas ferramentas tecnológicas e pensar de forma diferente para que os nossos alunos continuassem a aprender, a partir das suas casas.
As primeiras semanas foram difíceis e confusas. Rapidamente percebemos que continuar com as aulas não era enviar uma lista enorme de trabalhos de casa. Também aprendemos que estávamos a ver mal as coisas se a nossa preocupação era avançar ou rever conteúdos. A chave está nas competências. Também percebemos que agora o nosso maior problema não pode ser a avaliação. Temos muito claro em nós que o objetivo é que o aluno aprenda.
Além dos problemas, das dificuldades e da confusão que o debate sobre como educar em quarentena pode gerar, fica claro que basicamente todos estamos a refletir sobre a educação, o seu significado e propósito, o de antes, o de agora e o de depois.
No “Bachillerato” (11º e 12º anos), o cenário é mais complexo e preocupante (gostemos ou não, a lei governa). Para os alunos do 11º ano, a nota é importante, portanto, não podemos esquecer a avaliação. Temos que conceber ferramentas que, para além de favorecer a aprendizagem por competências do aluno, não prejudiquem a sua nota numérica (e não devemos esquecer que já fizemos duas avaliações).
No 12º ano, a situação é ainda mais complexa, por causa dos exames nacionais e o que eles representam para as famílias, os alunos e os professores. Como escola, garantimos aulas on-line com esses alunos desde o primeiro dia para os tranquilizar e continuar gradualmente com o ritmo de ensino-aprendizagem. Não é fácil, especialmente quando ainda não temos instruções claras sobre como serão estas provas que tão importantes são para o futuro dos nossos alunos. A nossa principal missão agora, para com estes alunos, é transmitir-lhes serenidade, calma e confiança. Sabemos que eles se irão sair bem.
O debate educativo em tempo de quarentena apenas evidencia mais um problema de falta de visão que já existia antes. Espero que desta vez sirva para repensar a educação e nos focarmos no que é realmente importante. No final, será um vírus, e não um pedagogo especialista, que abalará os pilares de um sistema educativo que estava a morrer e nos ensinará a verdadeira essência da educação: educar para a vida.
Sergio Calleja
Professor de filosofia na escola “Nuestra Señora de la Fuencisla” em Segóvia