No nosso centro Urogallo de Ponferrada dizemos, de vez em quando, entre nós: “aqui ninguém é normal”. Porque não somos normais. E não somos normais porque normal é “quem se ajusta a uma determinada norma ou a características habituais ou atuais, sem exceder ou sofrer” (fuente: Real Academía Española). E nós somos adolescentes e excessivos…!
No recente livro de Juan José Millás e Juan Luis Arsuaga, La vida contada por un sapiens a un neandertal, é explicado claramente como “na nossa espécie, (os adolescentes) dobram o seu tamanho corporal em dois anos. Isto é brutal. O incrível é que sobrevivemos à puberdade. É uma verdadeira crise que alguns autores comparam com a metamorfose dos insetos”. É por isso que as crianças NÃO devem ser educadas como se fossem adultos.
Somos originais, únicos. Cada um é especial. Todos nós temos átomos semelhantes, mas ordenados de forma diferente. Os nossos gostos e as nossas emoções não coincidem em tempo e lugar. Como podemos ser normais se eu adoro hambúrgueres e tu adoras salsichas, se eu tenho dor de cabeça na quinta-feira e tu no domingo, se tu odeias brócolos e eu adoro omelete com cebola…!
Como podemos ser normais se vemos a realidade de um ponto de vista diferente, se imaginamos com cérebros individuais, se temos famílias e animais de estimação diferentes, se os níveis de hormonas e colesterol variam em cada um de nós!
Não existem dias normais, não existem histórias normais, não existem vidas normais, não existem pessoas normais. Somente as coisas fabricadas com base em normas são normais… e isto é melhor deixá-lo aos organismos de normalização.
Os nossos meninos e meninas do Urogallo são capazes de jogar xadrez ou monopólio sem seguir as regras, saltar para a piscina sem saber nadar, dizer que gostam de algum tipo de comida sem nunca a ter experimentado e gastar mais tempo a explicar um jogo do que a jogar. Têm diferentes QIs, diferentes tons de pele e cor dos olhos, diferentes competências, inteligências e necessidades.
Recomendo “Ninguém é normal”, anúncio dirigido por Catherine Prowse com a técnica do stop motion, para uma campanha da organização Childline sobre adolescentes que se sentem diferentes.
Até recentemente, políticos e jornalistas falavam em voltar ao “novo” normal ou ao velho normal. Sabem o que me apetece dizer? Eles que voltem!
Federico Andrés Carpintero Lozano